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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O DIABO VIROU CRENTE


Calma, calma… É só mais uma crônica, uma historinha sarcástica para incomodar aqueles que acham que qualquer fé é fé.

Há muito tempo o diabo entrou em uma igreja e perguntou ao pastor se podia se tornar membro em sua comunidade:

- “Não! Você é acusador, e acusador não pode ser membro de nossa igreja!” – gritou o clérigo com sua potente voz, afugentando o interlocutor. Inconformado, insatisfeito e confuso o diabo o deixou, e foi-se.

Passado algum tempo – insistente como ele só – o espertalhão lançando mão de um de seus disfarces começou a frequentar os cultos e demais eventos ali, prestando atenção na maneira como as pessoas se portavam naquela congregação. Percebeu que alguma coisa estava errada, aliás, muitas coisas estavam erradas, pois muitos que circulavam na congregação se tornavam irreconhecíveis durante o tempo que permaneciam entre eles – é que no dia-a-dia nem todos eram tão santos assim!

O diabo conheceu a todos e começou, então, a fazer uma lista de coisas erradas que praticavam. Afinal, não entendia o porquê de não poder integrar aquele grupo, pois sabia do obreiro bêbado, que tinha um esconderijo para suas bebidas preferidas e coagia esposa e filhos para não contarem nada a ninguém. Anotou: “Bêbado pode ser membro”.

Tomado de certa razão, dirigiu-se de novo ao pastor dizendo:
- “Pastor, eu posso ser enganador, mas não bebo, e o obreiro bebe... e muito! Posso ser membro de sua igreja?!”.
- “Ele bebe, mas é crente! Você é enganador, e enganador não pode ser membro!”.

Não muito convencido, se retirou outra vez.
Apesar da frustração não deixou de frequentar os cultos, tampouco deixou de observar a membresia que circulava por ali.
Prestou atenção numa mulher que gostava de falar mal da vida alheia. Fofoqueira por profissão, nada passava imune à sua língua – muita gente já havia deixado a igreja por conta daquela “víbora”. E continuou com a idéia fixa decidido a arrolar o maior número possível de acusações, com o intuito de pleitear seu direito à membresia.

Sua lista crescia dia a dia. Não escapava nada e quase ninguém.
Em suas anotações estavam os viciados em jogos de azar e os pervertidos adeptos da pornografia. Muita gente graúda que ensinava, cantava e pregava com frequência dominical eram dominados por estas coisas, confiantes de que jamais seriam descobertos.
Anotou ainda a desonestidade dos que burlavam leis para a obtenção de lucro fácil; a mentira dos que não queriam compromisso com as obras e trabalhos da igreja, valendo-se das mais esfarrapadas desculpas e dos falsos motivos; o adultério dos dissimulados tidos por maridos e esposas piedosos, etc. – nem a preguiça do próprio pastor escapou.

Confiante de que possuía argumentos suficientes, e visto que nem mesmo o líder da congregação escapara de sua lista, dirigiu-se imponente ao gabinete do próprio. Não querendo arriscar em dizer nada, apenas entregou as anotações e esperou a oportunidade para o desfecho.

Com olhos fixos, ora franzindo a testa, ora meneando a cabeça e esboçando surpresa, o pastor leu atentamente cada palavra, e respondeu:

- “Pois é, nem isso me convence a aceita-lo como membro em nossa igreja! Todos nós podemos até praticar estas coisas, mas você continua sendo acusador, e nós crentes!”.

Sem perca de tempo, o diabo suspirou bem fundo e soltou sua triunfante resposta:

- “Pois é pastor, hoje vim decidido a me tornar membro de sua igreja a qualquer custo, pois se é possível ser bêbado e crente; ser adúltero e crente; ser fofoqueiro e crente; etc., é perfeitamente possível ser acusador e crente... Então, virei crente! Pode me acrescentar no rol de membros!”.

“Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o crêem, e estremecem.” - Tg 2.19

- pr Aécio -

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