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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

VALE A PENA LER DE NOVO

GERAÇÃO DOS INSACIÁVEIS


A geração consumista, voluptuosa e invejosa em que vivemos aprendeu que sempre é preciso mais e mais para sentir-se satisfeita. Ninguém se contenta com o que tem e isto tem causado uma série de problemas para indivíduos, famílias e sociedades inteiras. É a geração dos insaciáveis!
Para piorar a situação, ainda existem apóstolos da ganância que fomentam este comportamento com suas teologias narcisistas, antropocêntricas e não menos insaciáveis.
Alguns pais e mães também não ajudam em nada, pois contribuem para a deformação do caráter de seus filhinhos que mal saíram das fraldas, entregando-lhes celulares e outros eletrônicos caríssimos só para provar pros parentes e vizinhos que eles têm o poder. Assim, estas criaturinhas vão crescer achando que a vida é assim, quem tem e pode (comprar) mais, chora menos!
Redimensione isto tudo com um toque da mídia moderna, associada e aliada aos métodos publicitários cruéis que não dão nenhuma chance da pobre geração consumista de se defender, e terá a química maldita que molda o pensamento pós-moderno. Basta assistir aos comerciais, ver os outdoors ou ouvir campanhas radiofônicas para se sentir o sujeito mais miserável, caso não compre o novo lançamento automobilístico, por exemplo. Dê uma espiadela nas propagandas de produtos para emagrecer, como aquele em que contratam uma moça esbelta ou um cara malhado para convencer aos obesos de que é possível alcançar o corpo e peso ideais adquirindo o produto anunciado – em minha opinião isto deveria ser crime passível de pena sem direito a fiança!

Mas, estes comportamentos de querer tudo, desejar tudo, possuir tudo e ambicionar tudo para sentir-se pleno denuncia o vazio existencial e espiritual dos quais esta geração sofre. Pessoas mal resolvidas e mal amadas tendem a se locupletar com “coisas”. Quanto mais carência, mais necessidade de coisas; quanto mais depressão, mais busca por coisas; quanto mais frustração, mais autocompensação com coisas.
Denuncia também a decadência das famílias que são cada vez mais incapazes de prover aos seus membros a sensação de plenitude oriunda de sentimentos e relacionamentos verdadeiros, sinceros e consistentes. Muitos pais ausentes e frouxos na maneira de educar seus filhos optam pela compra do PC ou do Playstation para o filhinho não lhe cobrar atenção – ao menos a criança vai ficar ocupada e não terá tempo de querer a presença do progenitor. Da mesma maneira muitas mães modernas têm como sonho de consumo uma babá para que seus filhinhos sejam “bem cuidados” (ou melhor “que não lhes encham...”) – entendo que algumas não tem escolha por motivos justo e óbvios, outras são incompetentes mesmo.
Não sei se vou ajudar com minha experiência de família, mas desde cedo busquei mostrar para minhas cinco filhas que o mais importante para elas não eram as coisas, mas as pessoas, os valores morais e espirituais e os relacionamentos verdadeiros. Eu e minha esposa transferimos a elas ensinos dos quais sempre poderão e deverão ter em mãos quando a vida não se mostrar muito simpática, mesmo quando faltarem todas as coisas. Amor, carinho, diálogo, atenção e outras manifestações de afeto, por exemplo, foram e sempre serão nossa maior preocupação. Muitos de seus aniversários elas passaram sem ganhar um presente sequer, porém, em nenhum deles deixamos de declarar o quanto elas são importantes para nós, e o quanto as amamos. Por diversos natais não compramos sequer uma muda de roupas, muito menos brinquedos, mas sempre as cobrimos de amor e real interesse por seus problemas.
Pelo andar da carruagem, visualizo a geração de insaciáveis se perpetuando nas próximas gerações. Entretanto, creio, que entre os insaciáveis sempre haverá um remanescente: aqueles que não serão convencidos de que o mais importante é comprar, ter e possuir coisas para sentir-se feliz e pleno. Serão os que terão a capacidade de amar as pessoas e valorizá-las; de enxergar a vida com simplicidade; de investir em relacionamentos sinceros e de entender que o melhor e mais importante para nosso curto período de existência é tudo aquilo em que não necessitamos gastar nenhum centavo, que é de graça!

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