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terça-feira, 3 de maio de 2011

DO AMOR AO TERROR


Na semana passada as mídias de todo o planeta focavam uma coisa só: O casamento do príncipe William e a, então, plebeia Kate Middleton. O romantismo movia o imaginário coletivo, globalizado, e parecia empurrar todos para dentro de um conto de fadas pós-moderno, o amor estava no ar.
Considerando o exagero na observação, tínhamos a impressão de que aquilo nem era de verdade. Parecia uma fantasia, como nos filmes mesmo – daqueles em que a história tem o desfecho do tipo “E foram felizes para sempre!”.

Foi uma semana de amor puro. Para onde quer que nos virássemos, ali estavam estampados os rosto bonitos dos jovens que protagonizariam o casamento do século (até que surja outro, óbvio).
Mais de 2 bilhões de telespectadores estiveram “colados” nas telas de suas televisões na tentativa de não perderem nenhum detalhe. A rede mundial de computadores, a internet, fervilhou de matérias sobre o assunto, dissecando cada movimento dos noivos. Os profissionais da moda que o digam. Os críticos e fofoqueiros profissionais também não deixariam por menos. Estes, não se permitiriam perder a oportunidade de alfinetarem nem que fosse a maquiagem da noiva, ou o vestido amarelo da rainha, supostamente usado anteriormente na formatura do garoto – futilidades necessárias para alimentar o medíocre mercado que se dedica a explorar e abusar da vida alheia.

Mas, como nosso mundo pós-moderno é extremamente oscilante, instável e onde nem tudo é amor – muito menos conto de fadas –, iniciamos uma semana com o foco noutra direção, noutro extremo: o terror. Osama Bin Laden está, enfim, morto!
Nesta semana o mundo troca os suspiros de amor pela tensão própria do terror, visto que o planeta estará focado no assassinato do maior mais temível (e terrível) terrorista de todos os tempos, bem como nas possíveis consequências (retaliações, protestos, etc.).
Não foi uma pessoa qualquer que morreu. Foi o inimigo número um dos Estados Unidos, talvez o homem mais odiado pelos americanos desde que este concebeu e orquestrou a macabra sinfonia que culminou na morte de mais de 3.000 pessoas, entre os ataques às Torres Gêmeas e o Pentágono – dia que entrou para a história com o epíteto carregado de nostalgia “11 de Setembro” – e isto pode trazer sérias consequências.

Esta semana, a impressão é outra, é ruim. Os rostos bonitos e as cenas pomposas do cerimonial real cederão lugar às imagens feias assistidas e monitoradas em tempo real pelo presidente Obama e seus assessores. O vermelho vivo do tapete em que desfilava o adorável casal sai de cena, e entra o vermelho sangue do odiado inimigo, espalhado no chão do cômodo onde ele outras pessoas foram mortas.
Das páginas dos contos de amor, mergulhamos na nua, dura e crua realidade do ódio próprio da crescente e recrudescente cultura da guerra, onde o que mais mata não são as armas. Nestas páginas sombrias, o que mata são as ideologias (políticas, religiosas, filosóficas, etc.) – Bin Laden morreu por suas ideologias escusas, enquanto os EUA o mataram para vingarem seus mortos, mas para defenderem também as suas próprias.

Em um mundo cada vez mais instável, no qual vamos tão rapidamente do amor ao terror, do céu ao inferno num prazo de uma semana, a única certeza que nos resta é a de que, daqui a sete dias (pode ser menos), nada do que está aí será igual. Talvez seja melhor... Talvez seja bem pior. – pr Aécio

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