Translate

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O DESAFIO DE SER PAI


Nos últimos dois meses o Grupo de Homens da igreja (Ibero) tem realizado discussões e reflexões sobre o tema “Dez Mandamentos da Criação dos Filhos”, baseadas em livro de mesmo nome, escrito por Ed Young.

Nos dois encontros que participei observei as falas, as trocas de experiências e os comportamentos nos momentos das discussões, procurando captar o máximo possível, na tentativa de avaliar minha própria paternidade, meu papel frente a minha prole de cinco meninas.  Afinal, ao longo dos quase vinte e dois anos no exercício da “missão” de ser pai aprendi que não há “senhores da razão”, nem experts (e se algum, por acaso, tentar posar como tal vai quebrar a cara!), mas homens que precisam reconhecer que sempre deve haver espaço para aprender mais uns com os outros, pois criar filhos é algo tão dinâmico e ao mesmo tempo tão diverso, que cada relação e forma de lidar entre os protagonistas (pais e filhos) são únicas, quase não se repetindo, mesmo quando se trata do mesmo pai com vários filhos – ou seja, cada relação, cada experiência nessa jornada é única e cheia de nuances que diferem entre si, em quase todos os aspectos.

No meu caso, são cinco filhas, sendo a mais velha às vésperas de completar vinte e dois anos, de personalidade forte e nervos à flor da pele e a mais nova de oito, que é uma caçula cheia de manhas e dengosa ao máximo. Um exemplo típico é que não raras vezes escuto reclamações daquela em relação a essa mais ou menos assim: “Pai, por menos birra do que ela faz você já teria me dado uns tapas, quando tinha a idade dela!”. Então, tento explicar que fui aprendendo a lidar com certos comportamentos e a ter mais tolerância, mais paciência e tal – acho que não a convenço muito... Acho ainda que ela, mais velha, não concorda em nada com minha tentativa de explicar o inexplicável, mas é assim que tento escapar das assertivas e reclamações similares.

Quanto às outras três, há uma metódica que vai fazer vinte e um anos, e é maníaca por ordem. Às vezes ela é meio enigmática, um tipo de “agente 007” que de vez em quando preciso não só entende-la, mas decifrá-la também (ela vai ficar brava por isso, por que também é muito sensível).

Há uma “patricinha” (é só uma metáfora, tá gente?) de dezessete anos que ama se produzir (como boa discípula da mais velha), que adora se maquiar e se perfumar. Com carinha de princesa, essa aqui não esconde a leoa que existe dentro dela quando o assunto é defender suas razões (leia-se território) ou reivindicar seus direitos repetidas vezes, até conseguir o que quer, precisa, etc.

Só faltou aquela a quem chamamos carinhosamente de “Preta”. Essa é ligada no 220, vinte e quatro horas por dia! 50% do sangue dessa menina deve ser adrenalina! Com nove anos ela quer saber de tudo, entender de tudo e opinar em tudo, além de gostar de brincadeiras, desafios e muitas coisas que interessam a meninos ou a crianças bem mais velhas... Cansei só de pensar na serelepe!

Contudo, me sinto feliz e realizado. Ser pai para mim não é um bicho de sete cabeças como pintam por aí. Aliás, sempre ouço muitos comentários e opiniões preconceituosas por parte dos novos casais em relação a ter filhos, dos quais não concordo nem compartilho na maioria das vezes.

Concordo sim que ser pai sempre foi, é e sempre será um imenso desafio. Porém, a despeito das dores de cabeça comuns à experiência da paternidade, creio que é recompensador para aqueles que levam a missão a sério, e que desempenham bem seu papel, pois certamente colherão os frutos do seu trabalho no devido tempo.

Finalizo com a observação de que não tive a intenção de reclamar, expor ou de ridicularizar minhas filhas nas linhas acima, ao citar um pouco dos seus comportamentos de forma brincalhona – elas mais me dão prazer e orgulho do que problemas. Também não pretendo passar a imagem de “pai perfeito” ou “certinho”. O fiz com o intuito de mostrar nas entrelinhas que não acho nem fácil e nem simples ser pai. Foi também uma forma de mostrar que a paternidade não é uma posição, mas um processo contínuo de aprendizado.

Para que esse processo tenha êxito, entendi com o tempo que é preciso mais que a disposição de acordar cedo para pagar as contas no fim do mês. É muito mais: é caminhar juntos; é dialogar; é conhecer e se fazer conhecido; é troca de conhecimentos e sentimentos; é manter-se atualizado; é fomentar princípios; é formar caráter; é contribuir positivamente na formação da personalidade deles através do exemplo; é traçar limites com autoridade sem autoritarismo; é desenvolver confiança mútua; é aprender com os próprios erros; é buscar conhecimento em boas literaturas e absorver (ou copiar) sempre que possível, as experiências, os argumentos e os comportamentos bem sucedidos de outros pais.

Por fim, entendo que a Bíblia, as orações, a dinâmica espiritual saudável numa igreja local, devem permear as relações entre pais e filhos em todos os seus desdobramentos.

Que Deus abençoe os pais desta geração!

Um abraço.


- pr Aécio -

Nenhum comentário:

Postar um comentário